POR QUE O HOMEM FAZ GUERRA?
Diante da terrível carnificina entre Rússia e Ucrânia perguntamos: Por que o homem faz guerra? Santo Agostinho responde porquê: o homem “Odeia a paz justa de Deus e ama a própria paz e tirania injusta” ( A Cidade de Deus ,XIX,12,2). Um efeito deste pecado original, que tira luz à consciência , afastando o homem de Deus. O paradoxo dos tiranos, de ontem e de todos os tempos, continua Santo Agostinho, ´que “cada homem procura a paz até quando faz a guerra”. Nem sequer aqueles que desejam que a paz em que vivem seja interrompida odeiam a paz, mas desejam que seja transmitida ao seu poder livre. Portanto, não querem que não haja paz, mas que haja aquela que desejam” (ibid.,XIX,12,1).
A guerra é sempre condenável, especialmente quando é travada entre povos que deveriam sentir-se irmãos – no início do terceiro milênio, é incompreensível não sentir-se uma única família – e ainda mais hoje, de modo particular depois das crueldades desumanas do século XX, levadas a cabo pelo comunismo, fascismo e nazismo e muçulmanismo.
Infelizmente há muitas guerras no mundo. As crises no Médio Oriente e na África são emblemáticas. Tal como o mar Mediterrâneo que, em parte como resultado das manobras burocráticas da União Europeia, foi transformado num vasto e profundo cemitério de seres humanos. O Ocidente – a sua classe política e administrativa – talvez tenha demonstrado nas últimas décadas uma certa inadequação cultural e profissional, por não ter sido capaz de prever a degeneração da sociedade (do respeito pelos outros à evolução beligerante destas horas), precisamente porque ao longo dos anos não foram cultivados nem aperfeiçoados os âmbitos de formação ética e moral da pessoa na sua integridade.
A humanidade contemporânea, tendencialmente indiferente em relação ao próximo, que quase perdeu todo o sentido de orientação para o bem comum, onde a fraternidade, a concórdia e a solidariedade às vezes parecem ter sido eliminadas do vocabulário, tem de converter-se, mudar de rumo, se quiser que o mundo continue, que o planeta permaneça.
“Fazer guerra aos vizinhos, continuar com outras guerras , derrotar e subjugar pela simples ambição de dominar povos que não incomodavam, que mais se deve considerar, senão um grande ato de banditismo?” ( Santo Agostinho, A Cidade de Deus, iii, 14,3).
“Felizes os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus”( Mt, 5, 9)